31 maio, 2006

Mono - You Are There

Este é 4º disco de originais dos Japoneses Mono que ainda há bem pouco tempo lançaram o excelente "Palmless Prayer Mass Murder Refrain" em colaboração com os World's End Girlfriend. 60 minutos (2 músicas com quase 4 e as restantes ultrapassando os 10) que podem e devem ser vistos como um todo, uma banda sonora para um qualquer filme Épico/dramático.

"The Flames Beyond the Cold Mountain" inicia o disco de uma forma muito subtil, com uma guitarra silenciosa emergindo em crescendo das profundezas de uma caverna, para mais tarde ser acompanhada em diversas camadas por uma segunda guitarra, baixo e bateria, sendo que juntos ultrapassam as mais difíceis intempéries e sobem ao topo da gélida montanha onde são elevados no céu e explodem em uníssono.
"Yearning" é o meu momento preferido e é uma faixa que já tinha sido usada no split com Pelican. Começa praticamente da mesma maneira, no silêncio, adoro a forma com violino acompanha os outros instrumentos num movimento contido que culmina na calmaria antes da tempestade, e quando há tempestade... linda! Há momentos com texturas drone que causam arrepios, o segredo está na força do impacto.
Pode-se dizer que os Mono não estão a criar estruturas que já não tenham exploradas antes, estes crescendos são típicos dos discos anteriores, ou das bandas de referência desta sonoridade como GY!BE, Mogwai ou Explosions in the Sky, e correm o risco de se tornarem previsíveis. No entanto, este disco tem uma força e uma beleza imensas e quase palpáveis, que fazem dele um pináculo na discografia dos Mono.

29 maio, 2006

SBSR - ACT1, 2º dia

2ª feira, depois de um fim-de-semana para recordar é hora de voltar ao trabalho :-\.
O percurso Baixa -> Parque Tejo é que não foi propriamente um passeio memorável. Sexta-feira ao fim da tarde em Lisboa, com 2 eventos musicais a arrastar milhares de pessoas, muitas outras a tentar sair da cidade, um calor infernal e um trânsito impossível, resultaram numa chegada tardia ao Parque Tejo, o que nos impediu de presenciar Dapunksportif e as 3 primeiras músicas de Alice in Chains (obrigado Ant3na).
Fiquei surprendido com a quantidade de pessoas que já se encontravam no recinto, gente a mais para o meu gosto e para aquilo que eu estava à espera, durante a noite devem ter lá estado mais de 30.000!


Apesar de não estar com grandes expectativas para o concerto de AiC, pois não encontro grande sentido nesta reunião pós Laine Staley, soube muito bem recordar os temas que tanto rodaram durante os tempos da adolescência, "Them Bones", "Rooster", "Would?", "Down in a Hole" ... Pena ter perdido a "Rain When I Die". O novo vocalista até foi uma agradável surpresa, teve um timbre bastante parecido com o que o Laine tinha. No fim foi-lhes passada uma faixa onde se lia "Alice in Chains Born Again", pela amostra deste concerto merecem uma oportunidade!

Da actuação dos Deftones esperava mais. Houve bastante suor e o som estava razoável, mas por vezes tornava-se numa amálgama indistinta e a voz do Chino demasiadamente baixa e esforçada. Não conseguiram transpor para o palco a nitidez do som denso que têm em disco. Apesar de tudo deu para libertar energia.

Quanto aos Placebo, pareceram-me dar um concerto competente mas não muito empenhado. No entanto, como vi o concerto bem de longe e com alguma indiferença, posso estar enganado :-)



Os Tool eram os cabeças de cartaz e deram o melhor concerto da noite.
Hummm, se calhar seria preciso terem uma actuação realmente catastrófica para eu achar que não seriam dignos do título "O melhor concerto da noite". Tirando a falha com os computadores que impediu a projecção inicial nas 4 telas e motivou um atraso do concerto e a curta duração (não seria sempre?), esteve tudo perfeito. Trouxeram uma Setlist muito equilibrada, incluindo 4 faixas do novo disco, "Vicarious", "The Pot", "Jambi", "Right in Two", que resultaram muito bem ao vivo, e uma série de clássicos, com "Stinkfist" a abrir e "Aenema" a fechar. O som estava excelente sendo que por vezes parecia demasiadamente alto, mas sempre cristalino, e tecnicamente estiveram todos muito bem, principalmente o Danny Carey, o gajo dá um show de bateria! O Maynard, que esteve moderadamente comunicativo afirmou, "See you in the Fall", espero bem que sim, mas que desta vez seja apenas um concerto de Tool e num recinto mais pequeno.

De referir ainda o concerto dos If Lucy Fell, o único do palco secundário que vi. Muito bom, muita energia! Eles tem um grande disco e demonstraram-no em palco para as poucas pessoas que aparentavam estar interessadas.

25 maio, 2006

A caminho de Famalicão

SBSR começa hoje

Mas amanhã é que interessa!

Antes do início dos concertos haverá um churrasco patrocinado pelos Tool. Os primeiros 1000 peregrinos que entrarem no recinto terão direito a uma coxinha de frango, uma garrafa de vinho das castas do Maynard e 2 dedos de conversa com os elementos da banda. Infelizmente só devo chegar a Lisboa a meio da tarde e não poderei usufruir deste manjar.


O cardápio musical começa a partir das 18h. Não se atrasem.

Saudades...

24 maio, 2006

Yakuza - Samsara

Uma capa com simbologia hinduísta/budista e uma introdução com saxofone e ritmos tribais que desembocam no trepidar dissonante dos power chords, permitem antever que o som contido neste disco será tudo menos previsível.

Os Yakuza fazem uma fusão bem experimentalista de Metal, Prog, Hardcore, Jazz e sonoridades orientais. As influências Jazz são aqui injectadas através do uso subtil do saxofone, por vezes escondido por detrás das guitarras outras vezes como fio condutor. O saxofone tem sido explorado recentemente nos trabalhos de Ephel Duath e de Kayo Dot, mas de uma forma diferente. Em Samsara, o uso constante de Delay atribui-lhe uma aura mais psicadélica. Também temos o exemplo dos Candiria que vão beber a todo o lado, mas provocam derivações para o Jazz bem mais abruptas, com uma cisão muito mais vincada do que neste disco.
O registo vocal é muito abrangente mas, apesar de ser quase sempre ajustado às diferentes sonoridades, há alguns timbres bem dispensáveis. De referir a contribuição vocal de Troy Sanders dos Mastodon na última faixa, "Back to the Mountain". A duração das músicas é bastante variável, mas é nos temas mais longos com 7 e 9 minutos como "Exterminator", "Glory Hole" e "Back to the Mountain" que têm tempo para explorar toda a palete de sonoridades e conseguir fazer a diferença.

Um disco difícil de classificar com uma sonoridade aventurosa muito própria e extremamente bem conseguida.

23 maio, 2006

Khoma - The Second Wave

Já alguém ouviu falar de Umeä?
Umeä é uma cidade nortenha desse paraíso escandinavo que se chama Suécia e é conhecida por passar metade do ano com luz solar praticamente o dia todo. Mas, ultimamente Umeä tem outras razões para ser conhecida. Elas são os Refused, os TINC, Meshuggah, os Cult of Luna e os aqui recomendados Khoma.

Começaram por ser um projecto paralelo de Johannes Persson (membro dos geniais Cult of Luna ) e de Jan Jämte quando estes ainda andavam na universidade, mas a julgar por este "The Second Wave", os Khoma facilmente encontrarão o seu espaço.

A atmosfera dramática e cinemática das guitarras, a voz melódica e emocional com um tom similar a Thom Yorke, e uma bateria criativa fazem deste álbum um casamento de estilos e influências que nos obriga a carregar novamente no play no fim de cada audição. É viciante!!!

Editados estranhamente, ou não, pela Roadrunner, os Khoma deram-nos a ideia de que para se fazer música pesada nem sempre são precisos berros e muito barulho, ou seja, tentaram elevar este estilo para um patamar diferente, mais sensível.
Aconselhado a fãs de Radiohead, Muse, etc, este álbum mostra que têm tudo para serem grandes. E vão ser…

RiR - O menor festival de música do mundo

Começa na sexta-feira o auto-intitulado MAIOR festival de música do mundo. Estou farto de levar com esta publicidade enganosa.
Não há nenhuma entidade interessada em processar a organização? Obviamente que este não é o maior festival de música do mundo! No máximo, num acto de altruísmo para com a sociedade, poderiam considerar-se como o melhor, e aí já vai das opiniões.
Meus senhores, só na Europa temos pelo menos 1 dezena de festivais que levam no mínimo o mesmo nº de bandas, sendo que alguns ultrapassam as 150 e não precisam de se arrastar durante semanas para parecem muito longos.

Vejamos:
Dinamarca - Roskilde
Espanha - Benicassim
Holanda - Pinkpop
Inglaterra - All Tomorrow's Parties e Download
Alemanha - Rock am Ring, Rock im Park, Wacken Open Air, Hurricane e With Full Force
Bélgica - Pukkelpop e Rock Werchter
Finlândia - Provinssirock
Suécia - Hultsfred

É pá, parece que assim de repente consegui encontrar 14 festivais que não podem ser considerados inferiores em termos de dimensão! Já para não falar na qualidade, qualquer um destes mete o RiR numa lasca de unha do dedo mindinho.
E ainda se vieram queixar pelo encontro de datas no dia 26 com o SBSR.

Façam lá o vosso festival mas com respeitinho saxafore!

Isis - In Fiction

22 maio, 2006

Mastodon - The Workhorse Chronicles DVD

Segundo as últimas noticias, estes senhores encontram-se em fase de mistura do muito antecipado "Blood Mountain". Tendo feito no ano passado a transferência para a multinacional Warner, deixaram a Relapse com bastante material para capitalizar o sucesso que granjearam nos últimos 5 anos. Sucesso esse que, com a exposição que provavelmente irão sofrer, crescerá exponencialmente.
Não se pense no entanto que este DVD é uma colagem apressada de conteúdos sem interesse, feito APENAS com o intuito de rentabilizar o catálogo Mastodon, até porque também não acredito que eles vendam assim tanto quanto isso, pelo menos para já.

O conteúdo do DVD está dividido em 3 partes:

O 1º capítulo é um documentário com cerca de 45 minutos que mostra o caminho percorrido pelos membros do grupo até chegarem à formação da banda e o desenvolvimento/crescimento ocorrido desde a sua criação. Mostra também a habitual vida na estrada, sempre num tom cómico e irónico.

O 2º capítulo, com cerca de 2 horas de duração, é um conjunto de diferentes filmagens de actuações ao vivo que abrangem todo o período de existência da banda e quase todas as músicas que eles alguma vez tocaram, ordenadas cronologicamente. Algumas das filmagens, principalmente as mais antigas, são de bootlegs, e como tal não têm grande qualidade visual nem sonora, mas servem o propósito de mostrar a evolução da banda e a dedicação imposta em todas as actuações.
Quando os vi no Hard Club em 2003 na primeira parte de the Haunted, fiquei completamente siderado. A Entrega, a energia emanada, a qualidade das composições e a qualidade de execução daqueles gajos deixou toda a gente embasbacada. Foi a melhor primeira parte que alguma vez vi e um dos melhores concertos também!

A finalizar o DVD temos no 3º capítulo os 3 videoclips da banda. "March of the Fire Ants", "Iron Tusk" e "Blood & Thunder".

Venha o disco e uma tour que os traga cá!

19 maio, 2006

the Sword - Age of Winters


Oriundos do Texas, os the Sword não tem vergonha nenhuma em construir hinos declaradamente inspirados em Black Sabbath e nos discípulos que se lhes seguiram. Saint Vitus, Sleep e ataques sónicos típicos de High on Fire, ouça-se a instrumental, "March of the Lor", vou ali esventrar uns Orcs e já venho. Incorporam também algumas sonoridades Stoner e de Rock sulista, uma mistura entre Corrosion of Conformity e Clutch.

Sendo o primeiro disco da banda e aparentemente não apresentando nada de muito original, a assemblagem de todas estas influências gera um groove e uma harmonia que impressiona e fazem-nos rockar à força toda. Os Riffs de guitarra criam as fundações para todas as músicas e são acompanhados por uma bateria e baixo trepidantes, que por vezes parecem armas de arremesso na batalha do Armageddon. As vocalizações estão encostadas lá atrás, o que até não é muito mau, pois parecem-me ser o elo mais fraco.

Um excelente disco para uma partida de Magic the Gathering ou Dungeons & Dragons, "Barael's Blade" destruam o inimigo!

P.S: Ouvir com o volume no máximo.

Enablers - Output Negative Space

Os Enablers são daquelas bandas que raramente recebem a atenção que merecem. Serem descritos como "indie rock band with spoken word" talvez ñ ajude muito. A verdade é que este quarteto de São Francisco composto por ex-elementos de bandas como Swans, Tarnation, Nice Strong Arm ou Toiling Midgets, explora este conceito de uma forma original, cativante e sem clichés.

O segundo álbum "Output Negative Space", editado novamente pela excelente Neurot, começa onde o anterior "End Note" acabou, duas guitarras, bateria e "spoken-word" post-rock/punk.
Em cerca de meia hora e um par de cigarros somos deliciados por um narrador de poemas, um narrador de pensamentos interessantes e manipuladores, sempre acompanhado por maravilhosos e poderosos instrumentais. Somos deliciados pelo contraste entre os momentos mais calmos e o poder das explosões frequentes. Recomenda-se por isso a fãs de Slint, Lift to Experience, Rodan, Shellac...

Confesso que já é um dos meus álbuns preferidos deste ano.
E eles que estiveram tão perto de virem ao Porto...

Amenra - Mass III


Este é o primeiro contacto que tenho com a banda Belga. Aparentemente já editaram 2 álbuns e uma série de Splits e EPs.

O que eles realizam nesta obra é mais uma exploração das sonoridades aperfeiçoadas pelos Neurosis, Isis e Cult of Luna, mas com uma abordagem mais sludge e muito intensa, vincando uma personalidade muito própria. Um punhado de músicas que nos agarram pelos colarinhos nos tentam sufocar e nos deixam prostrados no chão. O baixo e a bateria marcam um ritmo que na maior parte do tempo é lento mas muito forte e fluído, os riffs são ultra compactos e potentes, as vocalizações alternam entre viscerais e limpas. Contam também com uma não muito inspirada participação feminina na 3ª música, que por sinal tem a parte mais Isis (ou não) do disco.

Totalizando 46 minutos, os 6 temas fluem muito bem e rondam quase todos os 480 segundos sem se tornarem cansativos. É até pena que a 5ª faixa, "from birth to grave from shadow to light", seja tão mais curta do que as restantes, tinha bastante potencial para crescer. Felizmente, o último tema, de nome "Ritual", começa de uma forma muito suave e vai aumentando gradualmente para proporções épicas para nos abandonar com um feedback ressonante no final.

Quem gosta das bandas referidas, post-hardcore, post-rock, sludge ou qualquer outra forma de devastação sónica, deve obrigatoriamente ouvir este disco. Edição Hypertension Records.

18 maio, 2006

Helios - Eingya

Nos últimos dias tenho ouvido insistentemente este disco. O 2º trabalho de Keith Kenniff sobre o pseudónimo HELIOS é simplesmente belo.

Tendo os elementos electrónicos como base de todas as composições, o trabalho minimal de guitarra e piano carregam em si uma emotividade e melodia transbordantes que nos embala e aconchega.

Podem-se encontrar referências a Boards of Canada, sintetizadores à Brian Eno e samples vocais que podem lembrar Sigur Rós, no entanto, as músicas mantêm sempre uma aura muito própria. Os diferentes elementos são misturados com uma aparente simplicidade mas de uma forma muito habilidosa. A última música "Emancipation" deixa-me tão nostálgico...

Aconselhável a qualquer adepto de música, prefeito para relaxar e apreciar o sol de primavera. LINDO.

18 de maio de 1980

To the centre of the city where all roads meet, waiting for you
To the depths of the ocean where all hopes sank, searching for you
I was moving through the silence without motion, waiting for you
I a room with a window in the corner I found truth
In the shadowplay, acting out your own death, knowing no more
As the assassins all grouped in four lines, dancing on the floor
And with cold steel, odour on their bodies made a move to connect
But I could only stare in disbelief as the crowds all left
I did everything, everything I wanted to
I let them use you for their own ends
To the centre of the city in the night, waiting for you
To the centre of the city in the night, waiting for you
R.I.P.

17 maio, 2006

Cult of Luna - Somewhere Along the Highway

As minhas expectativas para este cd eram enormes. Já sou adepto dos CoL desde o "the Beyond". O "Salvation" foi um dos grandes discos de 2004 e o concerto do ano passado na casa da música foi fantástico. A primeira audição do disco foi através de um download de uma promo que vinha misturado com um voice-over a "promover" a data de lançamento, este tipo de acção tem sido habitual nas edições mais recentes da Earache. Como achei a locução do promotor suficientemente irritante, apenas ouvi o disco por 2 vezes e esperei pacientemente pelo original.

O raio do disco é mesmo bom! Tenho que confessar que as 2 primeiras audições com o voice-over não me impressionaram, mas ouvir este cd no carro durante uma semana... infelizmente não experimentei ir para o Alentejo às 4h da manhã, certamente que seria a banda sonora perfeita. A forma como conseguem fazer grande parte as composições crescer delicadamente de simples tonalidades atmosféricas para uma muralha de som avassaladora é extremamente cativante. O recurso a vozes limpas é frequente mas a crueza e agonia da voz gutural está presente na escalada ao pico da montanha. O uso de elementos electrónicos também encaixa perfeitamente na harmonia das partes mais calmas e até se socorrem de um banjo!

Solidão, melancolia, serenidade, raiva, angústia, a amálgama de sentimentos transmitidos pode parecer demasiadamente depressiva, mas quando chegamos ao fim da viagem, ficamos com vontade de a começar de novo.

Vortex sonoro

Olha, mais um blog de música!