29 junho, 2010

A Serbian Film e Dogtooth


Olá Senhores.

Com o IndieFrente um pouco mal parado,infelizmente, decidi falar-vos de dois filmes, um de origem sérvia e outro de origem grega, que prometem abalar a estructura cinéfila por bons e maus motivos.

Começo então pelo "A Serbian Film" de Srdjan Spasojevic.



A premissa deste filme envolve uma ex-estrela do mundo pornográfico que recebe um convite, a partir duma actriz pornográfica com quem já trabalhou, para desempenhar o papel principal num filme pornográfico de contornos poucos explicitos.

Relutantemente, a ex-estrela aceita e acaba por fazer parte da tentativa de uma película que afinal, revela-se como o "snuff-porno" mais extremo e doentio jamais feito.

Posto isto, vamos agora aos factos desta dita película: pelos festivais que passou, chocou tudo e todos, onde professionais desta área e moviegoers habituados a estes géneros vomitaram e ficaram incrédulos com as imagens do mesmo.

"Martyrs" , " A L'Interieur" , "Gosu" "Irreversible" a nada se comparam com esta película.

Impulsionado por uma corrente adormecida há umas décadas mas reabilitada á pouco tempo por "Hostel" e outros, "A Serbian Film" volta a tocar no ponto bastante sensível que é aonde acaba a arte e entra a insanidade ou desvio mental dum cineasta.

Qual é o ponto de ruptura? É tentando fazer o shocker mais mórbido e desviante de sempre que está-se a provar alguma coisa?

Ao que consegui apurar, este filme é uma metáfora para os problemas reais do país aonde habita o realizador e os seus argumentistas e de demonstrar a sua extrema revolta contra o mesmo, ou seja, as condições financeiras das familias, o total despojo pela vida humana ou direitos humanos neste país.... e eu pergunto-me,aonde está isso? Arte Subversiva ou Não?

O segundo filme que também vos quero falar parece ser um forte candidato a obra-prima e duma desconcertância fora de comum e um grande exercício de reflexão ao ser humano e ás suas ideias de sociedade,comportamento humano,valores e ética familiar.

"Dogtooth" (Kynodontas) de Giorgos Lanthimos.



Uma espécie de Joseph Fritzl mais moderado com elementos de paranóia social, este filme tem a estranheza dum David Lynch e a componentes humanas dum Cronenberg ou outros grandes autores.

Não tenho muitos palavras a mencionar acerca desta película, acho que as imagens dizem tudo e estamos perante um sério candidato a um dos melhores filmes do ano, e vindo também dum país aonde não estava nada á espera.
Será também metafórico á actual situação social e económica da Grécia?

Espero que, caso o Homem Que Sabia Demasiado visualize estes filmes, tenha umas palavras a dizer sobre os mesmos.

Ricardo

IndieFrente


2 Comments:

At 29.6.10, Blogger nuno Koglek said...

Não sou grande expert em cinema, mas ainda assim arrisco uma opinião. A saturação de ideias não estará a fazer com que os realizadores optem por caminhos visualmente e exageradamente (ou não) chocantes?

Penso que ultimamente uma onda de filmes tem aparecido, em que se testa a capacidade da pessoa em não vomitar. E mesmo no cinema mais comercial destaco 'Centopeia Humana' por exemplo... Em tempos de crise, são as ideias que dão a fama e o dinheiro.

 
At 30.6.10, Blogger ::Andre:: said...

"Qual é o ponto de ruptura?" Eu acho que depende sempre da tua perspectiva. Conheço, por exemplo, quem não se tenha impressionado com o Irreversível. De qualquer maneira, gostei das sugestões e quero ver os dois.

 

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