20 outubro, 2010

Big Boob Butt Bangers 4 (2003)

Big Boob Butt Bangers 4 é uma encenação de contornos eróticos destinado ao grande público. Conta-nos a história de algumas senhoras que, em 4 actos de sublime melodramatismo contemporâneo, passam por algumas situações de expressão de liberdade pessoal, numa cortante história de encantar. Elizabeth, Rod, Steve e Tanya são os pseudónimos dos génios de uma companhia mundialmente conhecida como Filmco Video, também conhecida por nos trazer clássicos incontornáveis como Big Boob Butt Bangers 3, Anastasia’s Mature Gang Bang ou mesmo o imortal Blast My Ass 3.

Este é um típico “woman pic” que desmascara a crua realidade dos países de ex-influência soviética, através de uma mordaz sátira de contornos surreais, e quiçá eróticos, ao estilo de comédia de costumes. O realizador preferiu manter-se anónimo devido ao regime proibicionista e perseguição política. Chamemos-lhe Jeremias. Ora, Jeremias optou por bordar o seu delicado rendilhado por actos, que apesar de parecerem independentes entre si, que quando repensados (ou vistos pela 17ª vez) permitem que o mais intelectual dos cinéfilos possa especular acerca desta denúncia e accionar mecanismos cognitivos avançados, também conhecidos como “erecção”.

No acto 1 e 2, Svenda e Natasha personificam heroicamente os gulags através uma resistência estóica e pura crença nos seus direitos como cidadãs, enfrentando 8 saudáveis sovietes armados apenas de cacete e pequenos frasquinhos de bezunto. O uso de preservativo vem intensificar a ideia de que combatem o regime, ao não se deixarem conspurcar pelos ideias Marxistas fora de validade, recusando sempre engolir, preferindo cuspir a propaganda a que estão expostas, numa clara alusão às resistências que grande importância tiveram nas quedas destes regimes.

No acto 3, Helga encontra a sua amiga Natasha para uma reunião secreta de confraternização da resistência. Negando os princípios capitalistas, despem as roupas como protesto sonoro. A arte de lamber, as cumplicidades entre as duas mulheres, confrontadas com a vida e a morte, tudo contribui para um alheamento do mundo real, isolando-as numa espécie de redoma de sentimento e de beleza silenciosa.

A aparição do cavalo simbolicamente excitado representa a força da massa trabalhadora, que mesmo depois das mais vis sevícias se aguenta de pé, até à morte. Penso que o uso do cabedal e algemas de aço são apenas técnicas de publicidade, tentando promover as indústrias nacionais. O efeito subsconsciente destes materiais leva o cinéfilo a procurar estes artigos para, também ele, promover o crescimento da nação enquanto potência industrial.

Veredicto: Uma densa trama intrínseca em que o não-dito tem mais importância do que tudo o que se geme por lá. Uma lição de esperança em prol de um futuro mais sorridente. Um hino à feminilidade e às utilidades alternativas do cavalo.


4 Comments:

At 21.10.10, Blogger Scometa said...

Muito bom!

 
At 21.10.10, Blogger Scometa said...

Tu funcionas exatamente ao contrário. Esta crítica poderia ir para o Ipsilon, se substituisses o filme por um da qualquer nova geração de realizadores de um qualquer país exótico onde é muito porreiro e hipster deambular sobre as evidências neo-nihilistas do ser humano contemporâneo. Mas lá está, a beleza é que fazes isto com um filme porno. Piscas o olho à crítica académica, mas neste caso é o olho do cu.

 
At 21.10.10, Blogger ::Andre:: said...

Foda-se, genial! Quero ver este filme porno, quem arranja? E que tal pô-lo na abertura de um concerto? Bora? :)

 
At 21.10.10, Blogger Scometa said...

Só se tiveres o cavalo como convidado especial/curador

 

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